21.10.08

Mostra?

Que Mostra?

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16.10.08

Na Mira do Chefe

O título original de Na Mira do Chefe já diz um pouco sobre o filme: In Bruges. É na cidade medieval da Bélgica que os matadores irlandeses Ray e Ken, vividos por Colin Farrel e Brendan Gleeson, vão passar algumas semanas para esfriar a cabeça às vésperas do Natal. É lá que eles têm de esperar uma ligação do chefe, interpretado por Ralph Fiennes, que vai dar ordens e orientações para o próximo trabalho.


Ray não vê a menor graça em visitar museus, igrejas góticas, navegar pelos canais ou andar pelas ruas de paralelepípedo e pontes da cidade, super visitada por gente do mundo inteiro, o que faz com que o colega lhe dê o título de “o pior turista do planeta”.


Na estada na cidade Belga, os dois se deparam com figuras bizarras: prostitutas, um ator anão, e Cloë, com quem Ray ensaia um romance. Quando conhece a moça, um tanto misteriosa, acha que ela é atriz, mas logo vê que ela tem uma atividade e um passado meio obscuros.

Em algum momento do filme, também questionam a atividade que praticam, os crimes que cometeram, a vida que escolheram levar. Ray não nasceu pra ser matador. Carrega uma baita culpa por ter assassinado uma criancinha por acidente, em uma das ações da dupla. Esta é a parte do dramática. A parte cômica é quase todo o resto de Na Mira do Chefe. Ray é bobo, bobo, bobo e por isso, muitas vezes engraçado. Alguns diálogos são ótimos. Também é boa a cena em que ele e o tal do chefe param uma perseguição no meio para tirar a dona do hotel do meio deles; e retomam a perseguição em seguida, do ponto onde pararam. Destaque também para a seqüência solo de Brendan Gleeson na torre do sino.


Mesmo se você achar o filme um desastre completo, você vai torcer para o Ray.
Se nem isso acontecer, aproveite o cenário e morra de vontade de ir ou voltar a Bruges, que é linda! E quem sabe você se empolgue com a trilha sonora.
Tem os velhos conhecidos do Pretenders, com Two Thousand Miles, a russa radicada nos Estados Unidos, Regina Spektor, com a deliciosa That Time e The Walkmen, banda de indie rock norte americana (sensacional descoberta do dia!!!), com Brandy Alexander. A banda se apresentou por aqui em 2004, num festival de música em Natal, no Rio Grande do Norte.

Na Mira do Chefe é a estréia na direção de longas do dramaturgo inglês Martin McDonagh, que também escreveu o roteiro do filme. Ele é autor de várias peças de teatro e ganhador do Oscar de 2006 de melhor curta-metragem com Six Shooter, também estrelado por Brendam Gleeson.

11.10.08

As Duas Faces da Lei

Dois craques do cinema, ganhadores do Oscar, atuam juntos pela primeira vez: Robert de Niro e Al Pacino. Eles integraram o elenco de O Poderoso Chefão 2, mas não contracenaram em nenhum momento do filme. Depois, trabalharam juntos em poucas cenas de Fogo Contra Fogo e agora, em As Duas Faces da Lei, formam uma dupla de policiais de Nova Iorque que está prestes a se aposentar.


De Niro é Turk e Al Pacino, Rooster. São investigadores e precisam descobrir quem é o serial killer que tem um modus operandi bem peculiar: depois de matar as vítimas deixa a arma no local do crime e um poema escrito num pedaço de papel. O criminoso pode ter relação com um cafetão, interpretado por 50 Cent.

No início do filme, ouvimos uma narração. O personagem de De Niro fala sobre a carreira policial e justifica o fato de limpar os criminosos das ruas, o que o sistema judiciário leva mais tempo para fazer. À medida que novos crimes são descobertos e vão sendo investigados, o diretor tenta te convencer mais e mais de que o próprio Turk é o assassino em série. Por exemplo: ele tem algum tipo de ligação com boa parte das pessoas assassinadas. Então, ele passa a ser suspeito dentro da própria polícia, abrindo caminho para dois jovens investigadores, sedentos por descobrir provas contra Turk, num movimento interessante de espionagem e contra espionagem. Mesmo com tudo isso, o espectador mais atento vai perceber que tem um pequeno detalhe no início do filme que não se encaixa ali, e, portanto, pode ser que Turk não seja o assassino, como tenta fazer crer o longa.


O roteiro e todas as suas reviravoltas são interessantes, mas os personagens dos dois astros protagonistas parecem simples demais pro calibre deles.
A direção de “As duas faces da Lei” é de Jon Avnet, de Tomates Verdes Fritos e Insurreição, e o roteiro de Russel Gerwirtz, que também escreveu O Plano Perfeito.

Fatal

Fatal é baseado no romance de Philip Roth, “O Animal Agonizante”, e traz Ben Kingsley e Penélope Cruz no elenco. Ben Kingsley é David Kepesh, um professor de faculdade, que, quando o filme começa, está divulgando a nova obra dele, sobre as origens do hedonismo norte-americano. Ele é absolutamente vulnerável à beleza feminina e se apaixona com facilidade. Kepesh tem o hábito de levar algumas das alunas dele para cama. É casado com Carolyn, que respeita o espaço dele, mas não tolera traição. A esposa representa um porto seguro para Kepesh. No fundo, é segurança que lhe falta. Além disso, o professor não lida muito bem com a chegada da velhice, porque, como ele mesmo diz no filme, na cabeça dele nada mudou. Um personagem complexo, portanto, interpretado com maestria por Kingsley.



A nova paixão de Kepesh é a linda Consuela, interpretada por Penélope Cruz. Ele fica hipnotizado pela beleza da moça. E ela tem verdadeira admiração pelo professor e por tudo o que a figura de um professor representa. Ele passou a vida pulando de um relacionamento para outro, sem se comprometer. E apesar de resistir aos laços que Consuela tanto quer, ele começa a ficar ciumento e a pirar, achando que ela está saindo com alguém mais novo que ele.

E o relacionamento termina um ano e meio depois, justamente porque Kepésh parece incapaz de se comprometer e Consuela parece saber bem o que quer. E o espectador conclui que o professor sabichão tem ainda muito a aprender.



Através do romance dos dois e dos conflitos emocionais do protagonista, Fatal pode ter várias leituras, dependendo de quem vê. Passa por temas como solidão, velhice, capacidade de doação, a dor da perda dos amigos, amadurecimento e traição.

A ressalva é em relação a escolha de Penélope Cruz para o papel de uma universitária. É bem difícil de acreditar que ela tem uns 25 anos, mesmo com aquela franjinha juvenil no cabelo. A diretora é a espanhola Isabel Coixet, de A Vida Secreta da Palavras. No elenco, ainda estão Peter Sarsgaard, Patricia Clarkson e Dennis Hopper.