16.11.08

[REC]

O espanhol "[REC]" é tudo o que querem ser as Noites e Mundos do Terror promovidos por parques de diversões. Perseguições, correria, sangue, gritaria e muitos, muitos sustos. O filme tem feito bilheterias gordas na Espanha e no México. Dirigido por Jaume Balagueró e Paco Plaza, "[REC]" começa tranqüilo, com a loirinha Manuela Velasco, que é uma atriz espanhola bem popular, com o microfone na mão, olhando para a câmera. Ela é repórter do programa noturno “Enquanto Você Dorme” e vai acompanhar a rotina em um quartel do Corpo de Bombeiros, junto com Pablo, o cinegrafista. E é pela câmera na mão dele que você acompanha o desenrolar da madrugada, é o que ele está gravando que está na tela.

A primeira ocorrência dos Bombeiros é atender uma mulher idosa que está presa em um apartamento e não pára de gritar. Chegando lá, os demais moradores do prédio estão no hall de entrada. Quando os policiais chegam ao apartamento, a velha surge berrando que nem louca, se debatendo, agarra um policial, morde e arranca um pedaço do rosto dele. Tudo filmado por Pablo, em closes bem incômodos.

Os zumbis vão se multiplicando em velocidade aterrorizante, já que todo mundo que é mordido vira um deles. E pra piorar as autoridades resolvem lacrar o prédio, por ameaça de epidemia de uma doença infecciosa. Os seres humanos normais, portanto, vão sendo cada vez mais encurralados por mais e mais zumbis sangrentos, histéricos e assustadores.

A repórter repete o tempo todo para que Pablo não páre de gravar, de modo que um corpo desaba do terceiro andar, dois zumbis atacam ao mesmo tempo a repórter, o policial e o médico, mas Pablo não desliga a Câmera. A repórter passa então a entrevistar as pessoas, porque diz que precisa mostrar o absurdo que se passa dentro do prédio. E aqui você pode até tentar parar um pouco de sentir medo e ponderar até que ponto a imprensa deve ir e com que finalidade usa as reportagens que produz.

"[REC]" tem momentos aterrorizantes de verdade, em que me peguei tapando os ouvidos para não ser vítima dos sustos sonoros que o filme nos prega. Os atores, inclusive, também foram vítimas de alguns sustos. Algumas cenas foram gravadas sem que eles soubessem o que ia acontecer. Então, algumas reações que você vê na tela são absolutamente reais e verdadeiras.



Vencedor de vários prêmios europeus, o filme já teve a continuação anunciada pelos diretores. Mas os detalhes ainda não foram divulgados.

Vicky, Cristina, Barcelona

Já faz alguns anos que Woody Allen se aventurou por outras paragens e deixou de ambientar histórias em Nova Iorque. Descontente com a obsessão cada vez maior dos grandes estúdios por bilheterias e perdendo o lugar dele ao sol, o cineasta filmou os três últimos longas em Londres: "Match Point", "Scoop – O Grande Furo" e "O Sonho de Cassandra".

Da Terra da Rainha partiu para o território de Gaudí e Miró, em “Vicky, Cristina, Barcelona”. Não é à toa que o nome da cidade está no título como uma personagem. Woody Allen retrata lindamente e talvez com alguma obviedade a arquitetura, as curvas, as cores e - por que não? - toda a sensualidade da cidade catalã, que tem quase vida própria no filme.

Rebeca Hall é Vicky, Scarlett Johansson, mais loira do que nunca, é Cristina. As duas amigas vão passar uma temporada na Espanha. Vicky é séria, cheia de conceitos e está prestes a se casar com um homem ultra convencional. Vai a Espanha fazer mestrado. Já Cristina é extremamente liberal, acabou de terminar um relacionamento e abandonou um curta metragem antes do fim. Quer um homem diferente, capaz de surpreendê-la. Vai a Espanha acompanhar a amiga.

Em um jantar, são abordadas pelo artista plástico Juan Antonio, interpretado por Javier Bardén, que, tão liberal quanto Cristina, convida as duas para uma viagem a Oviedo para ver uma escultura, passear e... transar! Vicky acha a proposta inconcebível. Cristina aceita na hora.

Depois do fim de semana em que Juan Antonio planeja ficar com uma, mas acaba atacando a outra, Cristina vai morar com ele. Em seguida o pintor recebe em casa, recém saída do hospital por tentativa de suicídio, a ex mulher com quem tem uma relação irritantemente passional: Maria Helena, em ótima atuação de Penélope Cruz. Então, os três passam a morar juntos.

Enquanto Cristina experimenta e tenta se adaptar àquela situação pouco convencional, Vicky recebe o noivo em Barcelona, mas não consegue parar de pensar em Juan Antonio e tudo o que ele representa. A medida que se deixa provar algumas situações, a quadradinha vai saboreando ímpetos de impulsividade. E a inconseqüente que não sabe o que quer começa a perceber alguma graça em ter relacionamentos estáveis e vida planejada. Na verdade, elas só querem encontrar o tal do maldito equilíbrio que lhe permitam ser felizes.

Mais uma vez, Woody Allen retrata sem julgamentos os dramas e as facetas das pessoas e coloca uma lente de aumento bem potente sobre os relacionamentos, dos mais certinhos, até os menos convencionais.

Ah, e os eufóricos pela tão falada cena quente entre Penélope Cruz, Scarlet Johansson e Javier Barden podem se decepcionar...