14.9.08

Um Crime Americano

Quando o filme começa, estamos em 1966, e uma adolescente brinca em um carrossel, narrando a história. Em seguida, o filme nos leva a um tribunal sem que a gente entenda muito bem o que uma coisa tem a ver com a outra.

É assim, entre idas e vindas no tempo, que o diretor Tommy O’Haver reconstrói a história real de Silvia Likens na cidade de Indianópolis (a cidade natal do diretor), que chocou os Estados Unidos, em 1965.



A protagonista é vivida por Ellen Page, que foi indicada ao Oscar do ano passado como melhor atriz por Juno. E aqui, no thriller Um Crime Americano ela mostra que a indicação não foi à toa.

Os pais de Sílvia trabalham em um parque de diversões e deixam a menina e a irmã, Jennie, por um longo período na casa de Gertrudes Baniszewski, uma mãe solteira de 7 crianças, interpretada por Catherine Keener, indicada ao Oscar por Capote e Quero ser John Malkovitch. Doente e sem dinheiro, ela aceita cuidar das duas irmãs Likens, mediante um pagamento mensal.

A convivência começa bem e quando você começa a achar que as duas foram naturalmente integradas àquela família um tanto estranha, a filha mais velha de Gertrudes se desentende com Sylvia. E aí começa o pesadelo dela.

Gertrudes tem severos métodos de educação e punição. Toma remédio e tosse o tempo todo, tem total domínio sobre os filhos e faz o que for preciso para protegê-los. As punições à Sylvia incluem sessões organizadas de torturas físicas e psicológicas. Os vizinhos se omitem. As crianças não só se omitem, como participam daquele ritual insano, mostrando o lado mais perverso delas.

Sylvia é aprisionada, torturada e morta no porão da casa de Gertrudes, em Indianópolis. E a família depois é julgada por isso.


Quase todos os diálogos do filme foram baseados nos depoimentos dados no tribunal, durante o julgamento.

Todo o elenco vai muito bem, mas o ponto alto do filme é a interpretação de Ellen Page e Catherine Keener, que dão uma aula. Page chegou a emagrecer visivelmente durante as filmagens por causa da personagem, que fica sem comer.

Em Um Crime Americano importa menos o final da história, até porque ela é real e, portanto, já conhecida. O que interessa é a forma como essa história é contada no cinema: com idas e vindas no tempo, sem poupar o espectador da brutalidade, mas sem fazer julgamentos.

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